Falando com quem entende da aréa

Nome:

  •  Susa Maria Silva de Oliveira




Formação Acadêmica:

  •  Graduada em Pedagogia - FEBA
  •  Pós-graduação em Psicopedagogia Clinica e Institucional e Complementação para Magistério Superior.


Experiência Profissional:

  •  Professora do Ensino Superior – Cursos de Graduação e Pós-graduação
  •  Consultoria Pedagógica e Psicopedagógica – Escolas do Ensino Fundamental, Creches e Pré-escolas.
  •  Atendimento clínico e institucional na área de Psicopedagogia.


Quanto tempo atua na área?
8 anos


O que é a psicopedagogia?

A psicopedagogia é um campo de atuação interdisciplinar vinculado principalmente ás áreas da Psicologia e Pedagogia que lida com o processo de aprendizagem e os obstáculos para que ele aconteça nos indivíduos, levando em conta aspectos físicos, emocionais e cognitivos do próprio individuo e o meio – família, escolas e outros vínculos sociais, pois geralmente nas dificuldades de aprendizagens estão envolvidos sempre dois lados quem aprende e quem ensina.

Para realizar a avaliação, o diagnóstico, o encaminhamento e a intervenção o psicopedagogo utiliza-se de procedimentos e instrumentos próprios da psicopedagogia como: EOCA- Entrevista Centrada na Aprendizagem, Provas Operatórias (Piaget), Anamnese, Provas Projetivas (Jorge Visca), como também analise dos materiais e produções escolares, observação do ambiente escolar, entrevistas com professores e ou pessoas que tenham vinculo de ensino e aprendizagem com o avaliando, entre outros que julgar necessário.
Caso exista suspeita de problemas físicos, psíquicos e emocionais deverá ser solicitado avaliações neurológica, psicológica, psiquiátrica, fonoaudiologia, ou outra qualquer especialidade que seja necessário.
Para se fechar um diagnóstico e planejar e propor uma intervenção é necessário que o profissional em psicopedagogia tenha uma visão integral do avaliando e esteja seguro quanto o caminho a seguir.

Esses instrumentos de avaliação e algumas vezes tem um caráter lúdico.



A psicopedagogia é importante para o social? Por quê?

Cada vez mais encontramos crianças que não conseguem ser alfabetizadas na idade correta. Alunos dos últimos anos do Ensino Básico que não sabem ler direito, que não conseguem aprender matemática, e até universitários que tem dificuldades para ler ou interpretar um texto. Esses fatos têm se tornado cada dia mais “comum”. Pessoas que chegam a maior idade sem que tenham superado suas dificuldades e por conta disso são excluídos no mercado de trabalho e até socialmente.
Quanto mais cedo ocorre a identificação da dificuldade e a intervenção mais rápida se torna a superação do problema.



Qual a sua maior dificuldade como profissional?
A relação com a família. Os pais geralmente buscam ajuda, pois sabem que existe um problema, mas esperam que o problema seja resolvido como uma ou duas consultas, de forma rápida e sem expor muito o contexto familiar. Muitas vezes quando isso não acontece criam barreiras, muitas vezes levados pelo preconceito, pelo medo, pela superproteção e atrapalham o parecer do profissional.

Desta forma a criança fica impossibilitada de ter o acompanhamento correto. Por exemplo, hoje não é difícil encontrar uma criança com depressão e os pais mesmo já tendo conhecimento do parecer dado pelos especialistas (psicólogo e psiquiatra) que o acompanham busca outro tipo de tratamento, levando a criança apenas a um pediatra, ou um neuro e acabam por “mascarar” a realidade vivida e o problema existente, e este procedimento pode atrapalhar o desenvolvimento da criança e o seu processo de aprendizagem ao invés de reverter uma situação enquanto ainda há tempo esse atraso apenas agrava a situação, esta criança acaba por não conseguir superar suas dificuldades de aprendizagem, nem se adaptar a vida escolar.


Porque escolheu esta área?
Tenho uma filha de 30 anos com Deficiência Mental, apesar de já ter vivido muito e aprendido muitas coisas, para a vida ela possui idade mental de 3 anos e meio. Esta foi uma forma que encontrei de ajudar minha filha em relação ao seu desenvolvimento. E à medida que estudava e adquiria conhecimento sobre a área acabei me apaixonando.


De que forma o psicopedagogo pode “interferir” na relação família escola do educando?
O psicopedagogo não trabalha sozinho, este é um trabalho em comum que visa o beneficio da criança, então é necessário haver uma boa interação entre os pais, professores e o psicopedagogo. È fundamental que este profissional analise a relação da criança com sua família, com a escola e com a vida.


Existe um trabalho em comum do psicopedagogo com o professor?
Eles PRECISAM trabalhar juntos, em nenhum lugar eu vi um psicopedagogo que trabalhe sozinho ser bem sucedido. Nenhuma dificuldade de aprendizado é resolvida apenas com o psicopedagogo. A família e os professores devem trabalhar juntos e a criança deve perceber que todos falam a mesma linguagem. Em alguns casos o problema propriamente dito não está nem na criança, nem tão pouco na família, mas às vezes na escola, ou no método utilizado pelo professor.


Como a psicopedagogo pode auxiliar no desenvolvimento da criança?

O profissional só pode auxiliar corretamente no desenvolvimento da criança quando ele utiliza de forma ética e correta os conhecimentos adquiridos. Porém acho que a pergunta seria mais adequada se fosse feita assim: como a psicopedagogia pode auxiliar os pais e os profissionais da área de educação no desenvolvimento da criança.
Eu creio que na medida em os profissionais podem atuar preventivamente nas instituições ajudando na formação dos educadores e identificando problemas de cunho institucional que podem refletir no processo ensino aprendizagem dos alunos como também através dos estudos da psicopedagogia clinica e propor intervenções capazes de superar muitas dificuldades ainda na infância sem prejuízo para a vida adulta.


De que forma é possível o psicopedagogo identificar as dificuldades de aprendizagem?

Primeiramente ouvimos qual a queixa trazida pelos responsáveis ou pelo próprio avaliando

Depois estabelecem pontos a serem investigados ( hipóteses). Depois são determinados os instrumentos de avaliação a serem utilizados:

  •  a anamnese (que é o histórico da criança)
  •  EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem)
  •  Provas operatórias ( Piaget)
  •  Provas Projetivas ( J. Visca)
  •  Observação e analise de material e produção escolar do avaliando.
  •  Entrevista com professores ou outro qualquer profissional ligado ao processo ensino aprendizagem do avaliando.
  •  Analise de relatórios de avaliação realizado por outros profissionais como: ( Pediatra, psicólogo, fono, psiquiatra, neurologista).



Tudo isso deve ser feito com cuidado. Alguns profissionais após um ou dois atendimento querem dar um parecer e encaminhamento, porém é necessário mais que isso, em torno de 8 a 10 seções. O profissional deve trabalhar em conjunto com a família e a escola e outros profissionais. As vezes as crianças têm dificuldade de concentração, ou terminam suas atividades muito rápido e não conseguem ficar quietas após terem terminado, e alguns profissionais logo detectam hiperatividade, mas em alguns casos o que acontece na verdade é que está criança pode ser superdotada. Então deve haver muito critério antes de um parecer.


Existe algum caso que seja mais marcante para você?

Um dos primeiros no meu tempo de estagio. Ele foi abandonado pelos pais e era criado pela avó, era um menino inteligente, mas não conseguia aprender a ler e escrever aos 11 anos. Sua avó criava ele e mais 3 crianças. Levantamentos a hipótese de problemas emocionais (trauma por abuso) o que foi comprovado pela avaliação psicológica, houve um acompanhamento do psicólogo, de neuro, oftalmologista, e o que mais me impactou neste caso, foi que em meio a todas as dificuldades a avó da criança deu continuidade ao tratamento, não houve resistência como hoje percebo em muitos outros casos, concluindo com um final de ano letivo satisfatório para a criança.




OBS.: Entrevista efetuada em 14/06/2013

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